"Slow and steady wins the race". Poderia ser também "Sloane's Teddy wins the race", mas eu não me chamo Sloane, não tenho uma lesma chamada Teddy e ninguém está participando de nenhuma corrida. Enfim, a mensagem é que quem espera sempre alcança... NOT.
Hoje não é só um desenho. Preciso dividir umas impressões.
Prontos? Vamos lá.
Este blog é inútil.
E antes que me acusem de autocomiseração, deixe-me explicar a verdade por trás disso.
Sempre que navego pelos sketchbooks de artistas que admiro, vejo experimentação, rascunhos, testes - em suma, prática para aperfeiçoar o traço e a sensibilidade. E o que estou fazendo aqui não está, em última instância, fazendo nem uma coisa nem outra.
O Projeto 52 acabou virando um blog de jobs auto-impostos. Os desenhos não estão surgindo como experimentação, mas como resposta a um brief auto-imposto que preciso matar ao longo da semana. Eu tenho que gerar um desenho por semana (foi a isso que me propus), então em algum momento (às vezes bem tardio, como o desta semana) eu paro, escolho um desenho, executo e "dou a tarefa como resolvida". São desenhos resolvidos (uns mais que outros, é verdade, mas de qualquer modo, resolvidos), e não algo criado de forma livre para ver onde vai parar.
Isso faz com que cada um dos desenhos tenha sido uma resposta, e não uma proposta. E isso, acreditem, faz toda diferença.
Meu traço não melhorou. Meu estilo não se desenvolveu. Na prática, eu não sou um desenhista melhor por causa do que estou fazendo, e sim apenas um cara que a cada semana está conseguindo bem ou mal matar um job. E não foi para isso que eu criei esse blog.
Mesmo a parte da disciplina não se concretizou de forma plena. A primeira temporada foi interrompida na metade (Semana 25) porque uma enxurrada de problemas pessoais e profissionais me atropelaram e não consegui segurar a onda. Mea culpa. A duras penas consegui fechar as 52 imagens da 2ª temporada (os desenhos do Molesquine pequeno, que acabou sendo perdido posteriormente). A 3ª foi de pior desempenho: só chegou a 16 semanas. Ironicamente, foi a que teve mais trabalhos de desenho livre (vide semanas 10 e 12). 2010 passou praticamente em branco, e agora, em 2011, tenho conseguido alguns trabalhos esteticamente satisfatórios mas vazios de alma.
Sei que isso tudo é reflexo de crises internas. Crises profissionais e vocacionais, desencadeadas principalmente após vários acontecimentos em 2007. Sempre pensei em mim como um desenhista, e hoje consigo entender que nunca fui um desenhista, mas sim um cara que desenhava (o que não é a mesma coisa). Sempre me enxerguei como alguém que produzia coisa, e ultimamente percebi que sou mais consumidor de criações, e que conhecer e gostar muito de música, quadrinhos, ilustrações e cinema não faz de mim um músico, um quadrinista, um ilustrador ou um cineasta.
Preciso voltar a ter rédeas de minha vocação. Este ano está sendo caótico, surreal, transitório, iconoclasta, estressante, desafiador e inesperado. Sei também que é um ano decisivo em muitos aspectos, e que isso vai exigir de mim várias resoluções que vão afetar meus próximos anos. Não sei como tudo vai se desenrolar, mas os limões estão aí e preciso resolver se vão virar colírios ou caipirinhas.
Nada disso significa que eu vá parar com o projeto 52. Não posso. Tenho uma obrigação moral comigo mesmo de manter um mínimo de promessas até o fim, de tentar prestar contas à proposta de disciplina que lavrei naquele post no início de 2007. Se não por mais nada, preciso manter pelo menos o compromisso de continuar a fazer uma tarefa semanal, de mostrar que posso fazer algo de certo. Mas eu não poderia continuar a fazê-lo cerrando os olhos para a verdade que reitero aqui semanalmente.
Torçam por mim. E continuem vindo :)