Então. Lá estava eu, num centro espírita que de dia funciona como escola, aguardando minha mãe (a quem estava dando carona) terminar sua palestra. Resolvi aproveitar o tempo e retocar um desenho (o sanduíche) sentado em frente às mesinhas da cantina. Liguei o iPod e comecei a trabalhar no sombreado à lápis enquanto algumas crianças corriam e brincavam à minha volta, provavelmente aguardando os pais saírem da mesma palestra.
Absorto no desenho, demorei a reparar que algumas delas começaram a se juntar à minha volta. Uma, duas, várias foram chegando e me observavam, quietas e atentas.
Corta para um gato que chega com aquele andar macio e se posta aos meus pés pedindo carinho. Bem, eu sempre fui péssimo para sketches e desenhos ao vivo, mas como a proposta aqui é e (re)aprendizado, pensei: "por que não?"
Aproveitei um momento de relaxamento do bichano e comecei a rascunhar um esboço rápido. Atravessando a barreira dos fones de ouvido pude escutar um menino dizer empolgado: "ele vai fazer o gato!". Continuei desenhando e passei para o chão, onde podia observar melhor meu "modelo". Rapidamente a meia dúzia de quatro ou cinco se transformou numa intensa platéia de umas doze crianças, amontoadas à minha volta de modo que, às vezes, eu mal conseguia ver o gato (na verdade, às vezes eu mal conseguia ver o papel em que estava desenhando!). Me sentia o próprio Flautista de Hamelin.
Minutos depois, acabada a palestra, estava tomando um refrigerante quando uma das meninas se aproximou e comentou algo sobre ter gostado do desenho do gato. Agradeci, e ela continuou: "aposto que quando você crescer..." e deu uma pausa, avaliando as condições do que estava comentando. Um coisésimo de segundo depois e ela emenda: "... mais, vai ser um artista!".
As coisas que eu tenho que ouvir.
Bem, esses são os sketches do gato, que ainda ficou passeando por lá uns bom 20 minutos até sumir entre dois bloco, atrás de algo mais divertido para fazer, possivelmente.
Este é o desenho da semana de 20 a 27/Maio/2007.
